Disputou-se este fim de semana o Rali Sernancelhe/Aguiar da Beira, prova a contar para a Taça de Ralis Asfalto e Regional Centro, entre outras competições. Aproveitando a minha ida a este rali, nos dois dias, deixo aqui esta ‘Reflex(ã)o!’. Primeiro que tudo, uma nota positiva para um rali que consegue juntar dois municípios, mais ainda sendo de distritos diferentes, num projeto, julgamos, pensado para vários anos, e que assim permite ‘desenhar’ uma prova que edição a edição, embora passando pelos dois concelhos, vai alternando o seu centro nevrálgico. Este ano, Sernancelhe foi o ‘centro’. Um exemplo a seguir, permitindo diluir os custos para as câmaras municipais.
Também a destacar positivamente é o facto de esta prova ser um dos bons exemplos da visita (que tem perdurado) dos ralis ao interior do país, embora aqui, talvez por via desta zona acolher uma das principais equipas de competição em Portugal, a ARC Sport.
A partir daqui, as notas não são tão positivas, embora muitas delas sejam não apenas para este Rali Sernancelhe/Aguiar da Beira, mas também para todas as provas destas competições.
Estes ralis, chamemos-lhes da 2ª Divisão, têm o problema de serem vários ralis dentro do mesmo rali, com listas de inscritos separadas. Daí não viria grande mal ao mundo se isso não implicasse por birra regulamentar e de alguns participantes, fazer três ou mais ralis, separando cada campeonato (ou extra) com mais uns minutos, quando seria muito mais sensato e atraente para os espectadores, colocar numa lista única com a ordem de partida feita pela qualidade das viaturas e palmarés dos participantes, independentemente do campeonato a que pertencessem.
As superespeciais são importantes para levar os ralis aos centros urbanos. Mas devem ser feitas com conta, peso e medida! Casos há em que o percurso é linear, o que é o ideal pois permite colocar os concorrentes de minuto a minuto e inclusive fazer uma dupla passagem, intercalando uma e outra. Mas há casos em que o percurso não o é e como tal há que adaptar o intervalo entre os concorrentes a essa realidade. No caso da prova deste fim de semana, os concorrentes partiram de 3 em 3 minutos e no caso dos da Taça, fizeram uma dupla passagem. Resultado, a prova iniciou-se às 21:30 e terminou já muito perto da 1 hora da madrugada. E se às 21:30 tinha imenso público, quando terminou teria cerca de 10% das pessoas. E o que se podia ter feito para que isso não acontecesse? Dando de barato que fosse difícil adaptar o percurso, poder-se-ia ter dado a partida aos concorrentes nos 15 segundos após o términos da prova do concorrente anterior. Tendo em conta que os tempos médios na SE não chegavam aos 2 minutos, ter-se-ia aí ‘recuperado’ cerca de uma hora, tornando além disso o espectáculo muito mais atractivo, quase sem tempos mortos.
Mas a questão do (demasiado) tempo entre concorrentes, manteve-se no sábado! Fazer um rali de asfalto com troços curtos e depois colocar todos os concorrentes separados por dois minutos é algo que só se pode compreender e aceitar caso a lista dos participantes seja mesmo muito reduzida, o que não era o caso em Sernancelhe/Aguiar da Beira.
Outra situação a alterar, e aqui a crítica tem como destinatário a FPAK, é a sobreposição de ralis no mesmo fim de semana. A FPAK não pode aceitar que num fim de semana em que se realize um rali em solo continental a contar para o CNR, Taça e/ou Regional exista um outro rali ‘sem campeonato’, tal como aconteceu este fim de semana com o Rali de Famalicão.
Por último, uma matéria sensível e sempre algo polémica, as penalizações por engano de percurso nas SE. As regras existem, são para cumprir, mas acho que também deve haver algum bom senso na sua aplicação. Penalizar alguém por engano no percurso na SE é lógico, mas acho que essa penalização só deveria ser efectiva quando daí o concorrente tirasse vantagem, nomeadamente cortar ou não fazer chicanes ou determinadas partes do percurso. Um engano inócuo não deveria ser penalizado. Em Sernancelhe/Aguiar da Beira, Adruzilo Lopes foi penalizado (porque depois de passar na tomada de tempos deu mais uma volta ao percurso) e a consequência disso foi o público ficar sem poder ver um dos carros mais espectaculares no sábado, pois Adruzilo decidiu abandonar.
Data:
26-07-2017




